quinta-feira, 16 de outubro de 2008

15/10: Ibovespa – Recessão, a nova preocupação

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje com declínio de 11,39%, aos 36.833,02 pontos - a maior perda porcentual desde 10 de setembro de 1998 (-15,8%). A 40 minutos do encerramento do pregão, a queda de 14,81% do índice (na mínima, aos 35.411 pontos) fez os investidores prenderem a respiração, diante da possibilidade de que o Ibovespa atingisse uma queda de 15% e assim a Bolsa acionasse novamente no dia o circuit breaker. O "fôlego" só foi retomado quando o relógio marcou 17 horas - por questão do regimento da bolsa, o mecanismo de circuit breaker não é acionado na última meia hora de negociação no pregão que hoje encerrou excepcionalmente às 17h30. O motivo da prorrogação, aliás, foi justamente uma paralisação mais cedo, quando foi acionado o circuit breaker. Às 14h25, as negociações foram interrompidas por 30 minutos em razão da queda de 10% do Ibovespa (37.412 pontos). A BM&FBovespa informou que estendeu o horário do fechamento para as 17h30 por causa das regras para cálculo do valor de liquidação de operações com contratos futuros de índice e opções sobre índice cujos vencimentos ocorrem hoje. De acordo com operadores, as operações relacionadas aos vencimentos ajudaram a acelerar as perdas no final da sessão. De acordo com dados preliminares de participantes do mercado, o vencimento de opções sobre o índice movimentou R$ 1,974 bilhão.
Os vencimentos ajudaram a inflar o volume da Bovespa, que encerrou aos R$ 9,730 bilhões. Na máxima hoje, Ibovespa registrou 41.567 pontos (estável).
Após uma onda de euforia, em meio a medidas para capitalizar o sistema bancário na Europa e EUA, declarações sobre o cenário da economia norte-americana e indicadores sobre a mesma reavivaram as preocupações sobre o tamanho da recessão estimada para aquele país, bem como os reflexos sobre o mundo. Isso derrubou as bolsas na Europa, contaminando os EUA e refletindo na Bovespa. "A economia norte-americana parece estar em recessão", já que as pressões inflacionárias "diminuíram substancialmente", disse a presidente do Fed de São Francisco, Janet Yellen.
O próprio presidente do Fed, Ben Bernanke, também colaborou ao alertar que os mercados de crédito levarão tempo para descongelar, e que, mesmo se os mercados financeiros se estabilizarem, a economia não irá se recuperar logo em seguida. Da agenda macroeconômica, as vendas no varejo caíram em agosto acima do esperado, o núcleo do índice de preços ao produtor (PPI) que exclui alimentos e energia, superou a previsão dos analistas e o índice Empire State caiu para -24,62, patamar recorde de baixa. Ainda, o "Livro Bege" do Fed também mostrou que a atividade econômica e o mercado de empregos sofreram um enfraquecimento em todos os 12 distritos do Federal Reserve em setembro.
Em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 7,87%, aos 8.577 pontos - a maior queda porcentual desde outubro de 1987; o S&P-500 recuou 9,03%, aos 907,84 pontos; e o Nasdaq Compositecedeu 8,47%, aos 1.628,33 pontos.
Balanços corporativos também ocuparam as atenções dos investidores em Nova York. O JPMorgan Chase reportou queda de 84,5% no seu lucro líquido no terceiro trimestre deste ano, para US$ 527 milhões (US$ 0,11 por ação). A receita caiu para US$ 14,74 bilhões, de US$ 18,4 bilhões. Os analistas esperavam prejuízo de US$ 0,17 por ação e receita de US$ 16 bilhões, de acordo com a Thomson Reuters. O executivo-chefe da instituição, Jamie Dimon, afirmou que espera lucros menores nos próximos trimestres.

Ainda no setor bancário, o Wells Fargo & Co. registrou queda de 22% no lucro líquido do terceiro trimestre deste ano, para US$ 1,64 bilhão. O lucro por ação caiu 23%, para US$ 0,49, e a receita total cresceu 5,4%, para US$ 10,38 bilhões. Analistas ouvidos pela Thomson Reuters esperavam lucro de US$ 0,42 por ação e receita de US$ 10,96 bilhões no terceiro trimestre.
Também a Coca-Cola anunciou que seu lucro líquido cresceu 14% no terceiro trimestre deste ano em comparação com igual período do ano passado, para US$ 1,89 bilhão (US$ 0,81 por ação). A receita aumentou 9,1% nessa base de comparação, para US$ 8,39 bilhões. Analistas consultados pela Thomson Reuters esperavam, em média, lucro de US$ 0,77 por ação e receita de US$ 8,54 bilhões.
A deterioração nas expectativas para a atividade econômica global afetou também as commodities, o que elevou a pressão de baixa no Ibovespa, que tem como carros-chefe ações de empresas atreladas aos preços desses produtos. Na Nymex, o contrato de petróleo para novembro cedeu 5,20%, a US$ 74,54. Metais e agrícolas também recuaram. As ações da Petrobras sentiram: as PN -12,09% e as ON -13,85%. O impacto sobre os papéis da Vale não foi diferente: queda de 15,16% nas PNA e declínio de 18,58% nas ON.
As siderúrgicas também sofreram hoje: Usiminas PNA perdeu 14,52%, CSN ON cedeu 17,11% e Gerdau PN teve baixa de 14,90%. O setor bancário igualmente apresentou baixas significativas: Bradesco PN -8,03%, Banco do Brasil ON -10,45%, Itaú PN -10,99% e Unibanco units -12,50%.

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